quinta-feira, 8 de março de 2012

Brasileiro que fala 11 idiomas dá dicas para aprender outras línguas

 
"Rafael Lanzetti fala sueco, italiano, hebraico, inglês, espanhol, grego, romeno, entre outros."


Rafael Lanzetti, de 32 anos, professor radicado na Alemanha fala 11 idiomas: português, italiano, espanhol, inglês, alemão, sueco, francês, grego, romeno, hebraico e holandês.
"O interesse por línguas vem de minha curiosidade em conhecer outras culturas, mas principalmente da oportunidade que tive, na faculdade, de aprender gratuitamente. Tenho a sorte de estar num ambiente multicultural e posso praticar todas as línguas que estudo", diz Lanzetti que na Alemanha trabalha como professor e tradutor e informa que faz bom proveito da proximidade dos países para pôr em prática seu aprendizado.


DICAS DO POLIGLOTA PARA QUEM QUER APRENDER UM OUTRO IDIOMA

Tenha disciplina 15 minutos por dia, todos os dias, são mais que suficientes. Pense bem: se você faz duas horas de curso por semana, (lembrando que a hora-aula dura 50 minutos), você estuda 100 minutos, contra 105, do método diário.


TENHA MOTIVAÇÃO

Descubra línguas e culturas que sejam interessantes. Seja por um plano de viagem, por músicas, cinema, literatura, afinidade ou mesmo amor, ter um objetivo ao aprender uma língua facilita muito o processo.


SEJA PERSISTENTE

Em algumas línguas, você fala mais rápido que as outras, devido a peculiaridades ou semelhanças com o português. Não se desespere, uma hora o idioma vai fluir. Não tenha medo de errar. Imagine que, mesmo em nossa língua materna, cometemos pequenas "barbaridades" todos os dias. Como imaginar que, em um novo idioma, você terá que ser perfeito?


TREINO E DEDICAÇÃO

Mas de onde vem tamanha facilidade em aprender outros idiomas, enquanto milhões de brasileiros sofrem para se virar no inglês ou no espanhol? "Não há segredo no aprendizado de línguas, há apenas treino, repetição, disciplina e dedicação. Embora seja um conhecimento que tenha status diferenciado na sociedade, conseguir utilizar a língua estrangeira é apenas uma das dezenas de milhares de coisas que o cérebro humano consegue fazer". E a pergunta que todos devem fazer é: qual a melhor forma de aprender outro idioma? Lanzetti explica que notou que seus ciclos de concentração duram 15 minutos. Assim, ele divide os estudos em "unidades" de 15 minutos. "Leio um texto em francês durante 15 minutos, faço uma pausa, escrevo qualquer coisa em grego durante mais 15 minutos, faço outra pausa, falo (comigo mesmo) em sueco por mais 15 minutos, e assim por diante. Se consigo dedicar 15 minutos a cada habilidade de cada língua devido a dois fatores principais: a falta de motivação e a escolha do método incorreto. Aprender um idioma "porque meu chefe mandou", "porque vou perder o emprego" ou "porque nunca vou arrumar um" é a melhor maneira de tornar essa aquisição de conhecimento uma tarefa árdua e sofrida, explica. Para ele, é preciso aprender por vontade própria, gosto ou curiosidade. "Outra boa motivação, inegavelmente, é arrumar um amor estrangeiro", brinca. De forma a facilitar a tarefa, Lanzetti aconselha que os pais já falem com o bebê em outra língua, pois, quanto mais cedo a criança tiver contato com outro idioma, melhor. E o aprendizado também não tem hora para acabar. Até os 150 anos, segundo o professor, ainda há tempo. "Ser adulto não é desculpa para não aprender uma língua estrangeira!".


Fonte
g1.globo.com

"A pobreza no Brasil tem cara: é mulher, negra e nordestina"

20/02/2012 

Artista: Christian Guémy


(Amanda Camasmie, de Época Negócios) Mas com programas voltados a mulher, essa pobreza vem diminuindo, segundo a educadora e superintendente executiva do Instituto Unibanco, Wanda Engel

A igualdade de direitos entre homens e mulheres foi reconhecida internacionalmente pelas Nações Unidas apenas em 1945. São quase 70 anos que deveriam ser comemorados. Mas as palmas ainda precisam ser contidas por uma série de dificuldades que a mulher ainda enfrenta. Elas são 55% da população mundial e apenas 40% do mercado de trabalho.
A Organização Internacional do Trabalho aprovou em 1951 a igualdade de remuneração entre homens e mulheres para uma mesma função. Mas hoje elas representam apenas 10% da renda no mundo. O Brasil ajuda a piorar esse cenário. O país tem um dos maiores níveis de disparidade salarial, os homens ganham aproximadamente 30% a mais que as mulheres da mesma idade e mesmo nível de instrução, segundo estudo do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Considerando somente a raça, a população indígena e negra ganha em média 28% menos que a branca. “A pobreza no Brasil tem cara: é mulher, negra e nordestina”, afirma Wanda Engel, educadora, superintendente executiva do Instituto Unibanco e ex-chefe da Divisão de Desenvolvimento Social do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Um dos projetos que ajudou a diminuir essa pobreza, na opinião da educadora, é o Bolsa Família. Quando Wanda era Secretária de Estado de Assistência Social, ente 1995 e 1998, ela criou os primeiros programas de transferência de renda, baseados na mulher. Esses trabalhos possibilitaram a criação do Bolsa Família, que tinha como foco a mãe como chefe da casa.
A educadora é a única brasileira a participar do Conselho Internacional de Liderança Feminina em Negócios, cujo encontro inaugural foi realizado em 24 de janeiro deste ano, em Washington, nos Estados Unidos, tendo como anfitriã a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. O objetivo dos encontros será discutir estratégias e exemplos de boas práticas mundiais que promovam o papel e a importância da mulher na economia global. Na reunião, Wanda ficou encarregada de apontar os problemas e melhorias da mulher no cenário brasileiro. Ela contou um pouco a Época NEGÓCIOS sobre as discussões.

Qual foi o resultado da primeira reunião do Conselho Internacional de Liderança Feminina em Negócios, com a Hillary Clinton?

O foco do conselho é a mulher, mas não os direitos dela. O objetivo foi discutir como podemos, ao priorizar a mulher nas políticas sociais e econômicas, ter impacto maior dessas políticas. Os dados nos mostram que sempre que a mulher assume responsabilidades de projetos, o resultado é satisfatório. Com pouco investimento, conseguimos grande retorno. A mulher também tem um impacto grande nos indicadores sociais: mortalidade infantil, desnutrição e abandono escolar. Todos estão ligados claramente às características da mãe, ao nível de escolaridade dela. A mulher acaba sendo quem dinamiza as transformações econômicas e sociais. O produto desse conselho é criar recomendações para os países e mostrar que o investimento na mulher traz um impacto positivo.

Quais são os bons modelos?

Podemos começar falando do Brasil. Programas como Bolsa Família são um bom exemplo. Adotamos como princípio que esse programa seria feito em nome da mulher, da mãe como chefe de família. A África do Sul tem outro bom exemplo. Eles fizeram um trabalho de capacitação da mulher, quando houve a redemocratização, para que elas entendessem as novas leis contra o Apartheid.

Qual é a situação da mulher hoje?

A situação da mulher não é boa nem nos países desenvolvidos. A própria Hillary Clinton contou na reunião que há 40 anos ela teve dificuldades de ter um cartão de crédito em nome dela. Simplesmente porque ela era mulher, só quem podia ter cartão era o homem. À medida que existem essas restrições para a participação da mulher, os países estão perdendo um aporte significativo de contribuição para o desenvolvimento, ou seja, a discriminação não afeta somente a mulher discriminada, afeta o país, afeta o mundo, porque está jogando fora uma potencialidade incrível.

A senhora pode dar um panorama da mulher no mundo?

As mulheres são 55% da população mundial, mas são somente 40% no mercado de trabalho, 10% da renda e apenas 2% da participação política. É impressionante. Em relação ao Brasil, melhoramos. Saímos de 7% para 10% de participação política feminina, de acordo com dados de 2010. No Senado a ala feminina representa 14,8%, na Câmara 8,8%. Nas instâncias decisórias dos partidos, o Brasil tem um dos percentuais mais baixos, onde as mulheres ocupam apenas 16% dessas cadeiras, bem atrás da líder, a Costa Rica, com 41%. Os piores da América Latina são o Panamá e o Chile, ambos com 13% e a República Dominicana, com 14%.

Comparando a mulher brasileira com outras regiões, qual é o nosso nível?

Estamos em um nível intermediário. Os pobres cresceram mais do que os ricos. E a pobreza no Brasil tem cara: é mulher, negra e nordestina. E essa pobreza diminuiu. Os países nórdicos têm uma situação mais equilibrada. Mas os países árabes, por exemplo, em que a religião tem um papel muito forte, a situação ainda é muito ruim. Mas isso está melhorando. Nos Emirados Árabes Unidos muitas mulheres já estão na universidade e no Governo.

E como fazer para diminuir a diferença entre homens e mulheres?

Se quiséssemos colocar o dedo na raiz do problema precisaríamos entrar no campo educacional, não só garantindo uma escolaridade mínima para todos os filhos de pobres, mas garantindo o Ensino Médio, que é o que realmente ajuda no ingresso ao mercado de trabalho. Temos um problema seríssimo nesse campo. Muitos dos nossos jovens nem entram no Ensino Médio e outros estão desistindo. Se quiséssemos criar uma nova percepção do que é ser homem e do que é ser mulher, precisaríamos investir pesado nessa educação. Os homens, por exemplo, são 90% da população carcerária no Brasil. Precisamos criar uma outra percepção desses padrões femininos e masculinos.

Muito do seu trabalho está ligado ao Ensino Médio. A senhora criou o projeto Jovem de Futuro, que busca diminuir a evasão de alunos do Ensino Médio. Ele seria então a chave para o crescimento do país?

Com certeza. O crescimento sustentável no país hoje depende da entrada dessas novas gerações no Ensino Médio. Os jovens precisam, além de aprender português e matemática, desenvolver outros valores positivos em relação ao crescimento. Precisam perceber a importância do esforço, da igualdade, da paternidade e maternidade com responsabilidade, do respeito e da solidariedade. São valores essenciais que podemos chamar de capital social. Os exames revelam que os nossos jovens sabem muito menos do que os jovens de outros países. É claro que precisamos melhorar a qualidade da nossa educação, mas eles precisam estar dentro das escolas para isso, não podem desistir. Também precisamos mudar essa mentalidade machista, que atrapalha o avanço da mulher.

A mulher ganhou mais espaço no mercado de trabalho, mais ainda se discute muito os seus múltiplos papéis na sociedade, como ser mãe e chefe, por exemplo. Como lidar com isso?

Ela sai do seu papel doméstico para também produzir renda. A mulher não pariu sozinha, é uma responsabilidade que precisa ser dividida com os homens. Ser homem não é ajudar a mulher em casa, mas exercer o seu real papel de homem. A outra coisa é a questão da maternidade e paternidade com responsabilidade. Temos um bom exemplo na Costa Rica. A mulher não sai da maternidade com a criança se não revelar o nome do pai. Se ele aceita a paternidade, precisa registrar isso na certidão. Se ele não aceita, o Governo paga o exame de DNA. Se ficar comprovado que ele é o pai, além da responsabilidade de assumir a criança, ele ainda precisa pagar o exame de DNA. E, obviamente, assumir todas as responsabilidades financeiras da criança. Se ele não for o pai, quem paga o exame é a mãe. Com essa lei, diminuiu a gravidez na adolescência na região. Isso porque ambos sabem que têm responsabilidade por aquele ato. No Brasil, chega a 20% o abandono escolar por gravidez precoce.

O Governo, então, precisa intervir?

Sem dúvida. Ele precisa ter políticas como creche para os filhos dessas meninas para que elas continuem os estudos. A mulher não precisa deixar de trabalhar para cuidar da criança, mas precisa de políticas governamentais que a possibilitem exercer todos os papéis, além de contar com a ajuda do marido, é claro. Quando eu era Secretária de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro, queria colocar uma lavanderia nas favelas para que as pessoas pudessem, com R$ 1 lavar e secar as suas roupas. Isso ajudaria profundamente no gerenciamento do tempo da mulher. Teria sido ótimo. Mas não deu tempo de implantar essa política, saí do Governo antes disso.

A mulher não pensa só nela

Além de querer (e saber) ser autossuficiente, a mulher deseja ajudar mais financeiramente seus filhos e seus netos. Quase oito em cada dez mulheres de todas as gerações têm esse perfil, de acordo com um estudo da MetLife, uma das maiores empresas de seguro de vida, acidentes pessoais e benefícios.
A pesquisa mostra que 89% das mulheres entre 48 e 66 anos (Baby Boomers) também se prepararam para sua aposentadoria, para não depender dos membros da família. As mulheres entre 36 e 47 anos (Geração X) também têm esse planejamento (88%), assim como as mais novas ( 84%) entre 22 e 35 anos (Geração Y).
A autossuficiência é um traço mais marcante entre as mulheres mais velhas, as Baby Boomers – 60% delas buscam esse estágio na vida, contra 47% da Geração X e 50% da Geração Y.
Mas são as mais jovens – Geração Y – as mais ponderadas. A pesquisa aponta que 54% preferem gastar dinheiro na aposentadoria a economizar com o propósito de deixar uma herança, contra 69% da Geração X e 73% das Baby Boomers.

As mulheres mais jovens também se preocupam muito com a educação dos filhos (15% contra 13% da Geração X e 8% das Baby Boomers) e têm mais desejo em ajudá-los financeiramente (57% contra 51% da Geração Y e 45% das Baby Boomers).
O estudo foi feito com 1.060 mulheres norte-americanas entre 29 de junho e 20 de julho de 2011.


Hoje elas podem mais



Ao cruzar essa pesquisa com os dados mais recentes do Dieese, constatamos que alguns problemas enfrentados pela geração Baby Boomers e a Geração X estão se deteriorando. Um deles é a diferença entre as remunerações pagas a mulheres e homens.
Apesar do aumento ser recente – em 2010 os valores médios dos rendimentos das mulheres correspondiam a 75,2% dos obtidos pelos homens, em 2011 essa proporção passou para 76,7%. -, já é possível constatar que as mulheres de hoje têm mais condições de fazer tudo aquilo que desejam: serem mais autossuficientes e ajudar os outros membros da família.




Por Amanda Camasmie

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